terça-feira, 27 de novembro de 2012

INTERDISCIPLINARIDADE EM UMA INSTITUIÇÃO


TEXTO APRESENTADO POR VERA MEIRELLES EM PALESTRA REALIZADA NO ESPAÇO SINGULAR EM  24 DE NOVEMBRO DE 2012. ESTIVERAM PRESENTES PAIS, EDUCADORES E EQUIPE DO STUDIO SAPU.

PALESTRA SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE EM UMA INSTITUIÇÃO

Pensamos em promover esse encontro  em função das reformas que acontecerão aqui no final de ano e torná-los a par da escolha pedagógica do Berçário que segue a linha Construtivista.
Existe uma concepção sobre o Construtivismo que simpatizo muito: “significa a idéia de que nada, a rigor está pronto, finalizado e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância como algo acabado, ele está sempre em movimento. Ele se constitui a partir da interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia”.
Essa escolha pedagógica que reúne várias competências tem como foco a complementaridade de um “olhar” sobre a criança e seu entorno. 
O Berçário Espaço Singular, conta com uma equipe multidisciplinar composta por pedagogos, psicólogos, psicanalista, nutricionista, psicopedagogos, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, auxiliar de enfermagem, pediatra, cuidadores e agora uma arquiteta visando, todos, promover um “lugar” para as demandas manifestadas pelos bebês, ao longo do seu crescimento.
 A Interdisciplinaridade e o Construtivismo estão na mesma linha de pensamento. A Reforma a ser feita é um exemplo dessa construção interdisciplinar assim como o nosso objetivo, também é formar uma equipe que tenha um conhecimento sobre essas diversas disciplinas, desta forma a equipe se aperfeiçoa, assim com eu. A Escola também valoriza a participação da família e a função parental nos diversos aspectos do desenvolvimento dos pequenos e por isso seu interesse em querer que os pais se apropriem também, dos dispositivos e lugares que esta lhes oferece.
A presença dos pais é fundamental para a passagem da família para o mundo de vocês. Vocês contribuem, estando em sintonia conosco, para a futura socialização. Tem uma passagem da família para a escola. Aqui é um lugar de separação e encontro com a procura. É difícil para os familiares assim como para as crianças. A comunicação entre a equipe e os pais é indispensável.
Esta instituição tem, dentre outras, duas premissas básicas: leva em consideração que “o bebê é um sujeito e que a comunicação entre os sujeitos está assentada na linguagem falada e corporal, a linguagem só se constrói na relação com o “outro”, o olhar do encontro, onde o bebê se reconhece. Por isso a importância de fazermos uma reflexão, sobre as nossas observações cotidianas, privilegiando, sempre, o singular. Entenda por “singular” algo que está ligado a olharmos o bebê ou a criança levando em consideração a sua subjetividade.
Entendemos que quanto mais cedo pudermos cuidar das manifestações que a criança apresenta melhor será seu desempenho e desenvolvimento. Às vezes o melhor que se pode fazer não é o suficiente. A relevância da primeira infância nos obriga a não sermos profissionais omissos frente às alterações que a criança poderá manifestar afim de não comprometermos o seu desenvolvimento nos anos que se seguem. É muito importante que os pais olhem as crianças pelo que elas são e não, só, pelo que eles vêem.
Entendemos que a interdisciplinaridade possibilita uma melhor capacitação do profissional da área de educação, quando oferece a este, mais recurso e elementos que possam ajudá-lo na constituição do vínculo com o bebê e nos diversos “saberes” sobre ele. Alguns segmentos já pensam na formalização do modo de participação do cuidador em creche, no desenvolvimento e subjetivação de bebês de até 18 meses, a partir da discussão das funções que lhe concernem: cuidar, educar e prevenir, vocês sabiam?
Essa interação entre os saberes é de fundamental importância, para este “olhar” sobre a criança. O nosso interesse cresce a cada dia e tem nos surpreendido com os resultados e desdobramento, dessa forma de atuar. Essa prática pode agregar valores, contextualizar o que é observado nos diversos espaços e ampliar a nossa possibilidade de “um saber” sobre uma determinada realidade que envolve aquele bebê. Aquele que cuida se sente responsável. Com isso a escola se torna uma via de sustentação possibilitando a família exercer uma “troca” com ela e, portanto ter mais elementos para acompanhar o dia a dia do seu filho, do seu bebê em um ambiente seguro, tranqüilo e aconchegante.
A integração da equipe permite que os profissionais envolvidos troquem as suas observações entre si e possam contemplá-las quando estiver com a criança. Isto vai criando uma capacidade interna de elaboração dos profissionais do grupo, propiciando para cada um uma participação mais ativa no processo. Essa reunião de informações que estão disponibilizadas para o coletivo, enriquece o nosso trabalho e a nossa apropriação sobre o mundo da criança.
 Esta proposta de trabalho é um desafio desta instituição que, cada vez mais, acredita no fazer e considera o lugar da criança, um “lugar sagrado”!
    
 A REFORMA FÍSICA DO BREÇARIO

 Para a reforma física que acontecerá no berçário, contratou-se ‘uma equipe’ para pensar nas mudanças e adaptações necessárias ao funcionamento do estabelecimento e das pessoas envolvidas direta e indiretamente com ele. Uma equipe e diversos olhares para criar um espaço onde o “todo” e o singular sejam contemplados e esta é a pedagogia do Berçário Espaço Singular, pelo menos, uma parte dela.  O espaço deve ser contemplado como algo que venha a imprimir uma qualidade para a vida dos bebês. Ele tem uma função e está diretamente ligado à rotina da escola. Todas as atividades estão pautadas na disposição do espaço, portanto ele precisa e deve ser funcional.  
O espaço tem também um papel de educador quando ele é um facilitador para o aprendizado e possibilita que as trocas sociais aconteçam de forma harmoniosa e em um tempo possível e adequado para os pequeninos.  Já o ambiente envolve não só o espaço físico como o humano e a qualidade desse espaço é muito importante. Esta relação que os pequenos têm com o ambiente que habita é determinante na sua constituição subjetiva e na sua identidade.
A criança, inserida na rede social escolar, precisa se organizar no espaço que habita aprender com ele, circular por ele de forma lúdica e simples.  O uso adequado do ambiente deve ser uma característica a ser contemplada na educação. “O espaço deve ser pensado a partir do ritmo e contexto social da criança”.
 “Promover a competência pensando no ambiente significa planejar situações e intervenções espaciais que possam ajudar a criança a resolver problemas por si mesmos, estimulando a conquista da independência do adulto rumo à autonomia.
Para um pediatra inglês chamado Winnicott, é muito forte a influência que o meio ambiente exerce sobre a constituição da subjetividade do sujeito e diz: inicialmente a vida psicológica do bebê está pautada pela relação com a mãe e com o meio ambiente.
Por isso acreditamos que essas mudanças físicas proporcionarão outras mudanças para a dinâmica da instituição assim como a inauguração de novos espaços!

APRESENTAÇÃO
Aproveitando a contemplação de novos espaços gostaria de falar sobre o meu trabalho nesta instituição, contar um pouco às funções que desenvolvo aqui e que lugar ocupo. Sou Socióloga, Pós Graduada em Psicologia Clinica, Psicanalista, trabalho com bebes, crianças, família e sou Acompanhante Terapêutica.
Estou à disposição nesta instituição porque tenho um conhecimento do infantil, da primeira infância com seus aspectos e do vínculo familiar e social. Estou aqui para que as coisas ocorram bem, para oferecer essa função e ser uma intermediadora. Estou presente na sala de aula, na entrega, na saída, conversas com a diretoria, conversa com os cuidadores, os pais e no Plantão Psicológico.
Minhas funções no berçário se constituem na observação sistemática dos bebês junto com a equipe e atendo no Plantão Psicológico, as quartas-feiras, das 17h30min às 20hs. Esse trabalho com a equipe envolve: intercambiar informações sobre o que foi observado na criança para todos os profissionais dos respectivos grupos, discussões de temas que fazem parte da rotina das crianças através de textos e conversas dirigidas e discussão sobre que tipo de intervenção será adotada.
Já no “Plantão” tenho a oportunidade de encontrar os pais e conversarmos sobre questões de ordem emocionais, comportamentais, psíquicas e outras que surgiram a partir de um determinado momento, envolvendo seu filho. Essas conversas podem ser apenas com os pais ou com os pais e a criança. Após essa primeira conversa, se for o caso, passo a observar de forma mais sistemática a criança dentro do grupo a que pertence e  posteriormente, convido- os para um encontro onde dou uma devolutiva das minhas observações. Assim podemos trocar algumas idéias e propormos sugestões, se for necessário, para uma melhor compreensão do que está acontecendo.
Este dispositivo tem sido relevante no dia a dia com a criança e seus cuidadores. Esse tipo de intervenção impede a permanência de determinados mal estares que causam desconforto para as crianças e dá mais subsídios aos pais para que possam lidar melhor com aquela situação.
O trabalho conjunto permite que a equipe possa lidar com a realidade de uma forma mais participativa, mais grupal, sendo este fator determinante para o tipo de vínculo que a criança vai desenvolver com o outro.  É esta pluralidade que da riqueza ao trabalho, permitindo cuidar de forma preventiva os incômodos que afetam os nossos pequenos.
Obrigado a todos e me coloco à disposição dos presentes para aquilo que acharem necessário!

Vera Meirelles



quinta-feira, 12 de julho de 2012

Agressividade


Agressividade

A partir de um ano e até os três anos de vida a criança irá experimentar com maior intensidade sua agressividade, especialmente com relação aos pais. Desta forma a criança, que irá testar os limites dos adultos, irá elaborar as regras sociais, elaborar angustias e principalmente se expressar.
A criança muito pequena, que ainda não possui todos os recursos de fala, pode vir a expressar suas vontades e recusas pela boca. As mordidas são muito comuns nesta fase, tanto para expressão de sentimentos, como para expressar vontades. Minha experiência revela que tudo tende a se tranquilizar quando os pais não tomam as experiências da criança como algo pessoal, dirigido a eles e sim como experimentações. O que não significa de forma alguma que não devam colocar limites nos pequenos.  Contudo, crianças muito adaptadas, boazinhas demais, tendem a se expressar menos, o que sempre me preocupa, principalmente nesta fase em que ocorre o desenvolvimento da personalidade.


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Banho de bebê

Vejam a delicadeza deste banho. Não vou descrever muito, as imagens falam por si só. Uma delicia de se ver...


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Festa junina





FESTA JUNINA
Estamos nos debatendo e pensando o formato da festa junina de 2012 no Espaço Singular. Porque afinal, qual é o real significado desta festa? Existe uma maneira de fazê-la de forma agradável, rica, com as crianças, para as crianças sem que a festa vire um grande comércio em que os pais se vêem obrigados comprar fichas, guloseimas...  Para fugir disso, todos os anos o Espaço Singular faz uma festa no parque. Vamos todos vestidos a caráter e brincamos.  O passeio no parque é ótimo, muito divertido, confraternizamos, mas será que com isso não estamos perdendo a oportunidade de aprofundar algumas questões importantes desta festa típica brasileira?  E principalmente estamos deixando passar a oportunidade de colocar nossos pequenos em contato com as brincadeiras, cores, cheiros e músicas desta festa tão divertida.  Para este ano estamos pensando em fazer uma festa para as crianças, só com as crianças, com brincadeiras, comidas típicas, "contação" de história...Estão acontecendo reuniões e mais reuniões neste sentido para proporcionar um dia agradável e rico de cultura para cada sala. E vocês o que pensam sobre isso?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Filme O Estranho em mim

Recomendo o Filme "O estranho em mim". Filme permite pensar questões mais profundas sobre a maternidade, chegada de um bebê, depressão pós-parto  e condição de solidão a que são submetidas muitas mães da contemporaneidade. Vale a pena...


quinta-feira, 29 de março de 2012

Páscoa

A páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Cristo, mas o que muitos não sabem é que tem sua influência nos antigos festivais pagãos de primavera e na  própria páscoa judaica. Para os judeus a páscoa celebra o êxodo dos israelitas do Egito. Passagem de um povo da escravidão `a liberdade.  Jesus, no catolicismo,  teria feito sua passagem de morte `a vida. Dando a oportunidade de recomeçar para todos. 
Portanto páscoa significa nova oportunidade, início de uma nova vida. A palavra páscoa se origina do termo hebraico Pessach.
Sendo assim,  independente da escolha religiosa de cada um, a páscoa deve ser entendida em seu significado mais amplo, como época de passagem, de renascimento: uma oportunidade de reflexão e de recomeço. Sentido este que tem se perdido com os apelos comercias da mídia e, por que não dizer, pelo incentivo das próprias escolas que pecam em reduzir seu significado `a figura do coelho. Símbolo da fertilidade e do nascimento. 

Boa passagem a todos!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Aprendendo a brincar


Texto do Prof. Renato Lima Freire


Sabemos o quanto o exercício físico é importante para o desenvolvimento das crianças. Entenda a diferença entre exercício e atividade. Exercício físico é tido como uma movimentação, como uma maneira de se mexer, por exemplo, o adulto sedentário, a criança ou jovem sedentária é ativa(o) fisicamente somente quando não esta parado, andar até a cozinha, lavar o carro, ajudar os pais com as tarefas de casa, todas essas coisas caracterizam a atividade física. Já o exercício físico é tudo aquilo que mantém ou aumenta a aptidão física em geral, a razão da prática de exercícios inclui: o reforço da musculatura e do sistema cardiovascular; o aperfeiçoamento das habilidades atléticas; a perda de peso. Para muitos médicos e especialistas, exercícios físicos realizados de forma regular ou frequente estimulam o sistema imunológico, ajudam a prevenir doenças (como cardiopatia, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, etc.) moderam o colesterol, ajudam a prevenir a obesidade, e outras coisas. Além disso, melhoram a saúde mental e ajudam a prevenir a depressão.
Devemos entender como atividade física não apenas uma atividade que envolve o corpo e sim corpo + mente = desenvolvimento motor, maturação biológica, aspectos psicológicos entre outros.
Tão importante quanto o exercício em si a maneira como essa atividade é introduzida pelos professores, aceita pelas crianças e compreendida pelos pais, faz toda a diferença e passa a ser fator determinante no processo de maturação das crianças.

 As capacidades motoras podem ser divididas em dois segmentos:
Capacidades motoras condicionantes: Estão associados à resistência, à força, à velocidade e às suas
combinações como resistência cardiorrespiratória, força/resistência muscular, flexibilidade,
velocidade, potência, agilidade, coordenação
e equilíbrio.
Capacidades motoras coordenativas: se fundamentam na
elaboração e no processamento de informações
e no controle da execução dos movimentos
por meio dos analisadores táteis, visuais, acústicos, estático-dinâmicos e cinestésicos.

Não podemos esquecer do fator flexibilidade, tão questionado por nós adultos e tão necessário para um corpo equilibrado. A flexibilidade não se caracteriza por um ou outro fator condicionante ou coordenativo más sim por ambosIndependente de fazer parte de um ou outro fator coordenativo a flexibilidade deve ser tratada como toda e qualquer atividade física direcionada a criança onde a seriedade da lugar a brincadeira, a disputa por segundos  nessa fase infantil deve ceder espaço á informalidade.



Os exercícios devem ser lavados a sério sim, porém não devemos exigir da criança o mesmo que exigimos, cobramos de um atleta, esportista adolescente ou adulto. As fases de maturação devem ser respeitadas para que no futuro o esporte não seja visto pelo jovem ou pelo adulto como uma obrigação e sim como um componente prazeroso e essencial para a qualidade de vida. Os pais esportistas de plantão sabem o quanto é fácil relacionar o esporte com o trabalho, e como é fácil atribuir ás tarefas profissionais aos desafios do esporte. Os ganhos são nítidos, tanto em âmbito profissional, quanto emocional e social, então porque não fazer o mesmo pelas crianças e procurar fazer do esporte infantil uma experiência positiva direcionada a uma vida adulta plena e saudável.



sexta-feira, 2 de março de 2012

Escola e sua função social




Pensando na escola como lugar social. Canso de dizer isso, mas não acredito que haja de fato um bom entendimento sobre o assunto. A questão é que respeitar a singularidade dos alunos, implica em um olhar diferenciado para sua individualidade e desenvolvimento, e não criar exceções institucionais a todas as regras. Vivemos em um mundo em que o lugar privilegiado de quem pode mais  faz se presente em quase todos os âmbitos de nosso dia- a –dia.
Mas na escola isto não pode acontecer. A criança deve aprender que está inserida no meio social e que para o bom convívio com os outros é necessário que se faça valer as regras do coletivo.
Na escola, primeiro lugar coletivo da criança, o social faz marca, borda subjetiva que limita o puro desejo infantil...desejo infantil muitas vezes do adulto que deseja se impor as regras sociais.

Quando há a exceção, quem perde é a criança. Perdi em subjetividade, em constituição psíquica, perde a oportunidade de aprender a viver bem em sociedade.

Continuamos a respeitar e singularidade das crianças e suas famílias, mas com limites.