segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Bastidores festa singular...Imperdível

Pra trabalhar com criança, tem que ter um lado criança...O pula pula estava lá...estavamos proibidas de pular, até que o moço se distraiu com a roda de capoeira. Notem que levamos uma bronca daquelas...rs


domingo, 11 de dezembro de 2011

Ser pai de menina...

Apesar da propaganda, não resisti e coloquei este vídeo aqui no blog. Achei uma delícia.

Discurso festa Berçário 2011

Atendendo a pedidos segue texto lido na festa.


Em meio ao caos da última sexta-feira chuvosa, completamente molhada, um pensamento me vem a cabeça. Vamos ter que desmarcar a festa. A educadora ao meu lado, quase que lendo meus pensamentos, e acho que meu rosto de desespero, pergunta em meio a lágrimas nos olhos: Vamos desistir?
Vamos desistir. Não há condição de continuar. Mas então surge em meio aos adultos encharcados uma pequena. Enquanto lutávamos com a água, com a cobertura, com o mal tempo e com o frio em nossas roupas molhadas, ela sorri. Sorri, uma, duas, muitas vezes ao nos ver empurrar os bolsões de água que se formam na cobertura improvisada. Quando nos demos conta, todos estavam sorrindo. Todos, inclusive seu pai e as educadoras. Ficamos ali, por um momento,  encantados por seus sorrisos e alheios ao caos que nos cercava. Como que transportada para um tempo outro, remoto, lembro que sempre digo pros pais que cabe aos adultos ser forte, que o adulto deve agüentar. Lembro das crianças e de suas fantasias. Todas elas, as de pano e as da imaginação. Lembro que quando criança gostava da chuva, do cheiro de mato molhado, que minha mãe brincava comigo em meio as goteiras no quintal. Tenho que agüentar. Mais um pensamento me toma: No final são as lembranças que nos restam...Lembro de minhas festas infantis, das minhas professoras e das marcas que minha infância feliz fez em mim. Ah, a Infância. Como é importante a ter vivido, quando as mazelas da vida adulta nos tomam os ombros. Então penso que lá na frente, quando a vida tentar lhes puxar pelos calcanhares, porque sabemos que ela tentará, se este pequenos, tiverem esta lembrança para continuar, nossa lembrança, de um tempo em que adultos podiam tudo agüentar, vale a pena viver, vale a pena continuar.
Karina Bonalume

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Depressão pós-parto masculina



Muitos homens irão apresentar depressão pós-parto, ou algum distúrbio relacionado ao nascimento de um filho. 
Contudo os homens tendem a começar a sentir os sintomas após seis meses do nascimento e tendem a negar o fato.
Normalmente o homem, que culturalmente, é cobrado em sua força, tende a ler os sintomas como cansaço, estresse, entre outros.
Negligenciam seus sintomas e são negligenciados, e assim muitos casamentos acabam.
Assim como o é para as mulheres, também é muito difícil para o homem se adaptar ao seu novo papel de pai. Terá que enfrentar o fato que sua mulher, companheira sexual, passa a ser mãe, o que gera certo desconforto.
O homem também terá que se adaptar à rotina do bebê, que acorda muitas vezes ao longo da noite, que chora, que demanda atenção absoluta. E ele, homem, sente falta, nestes momentos da sua esposa.  Muitas vezes os homens não são escutados, porque como passam a maior parte do tempo no trabalho, “não entendem” as dificuldades da mãe. É verdade... Ele pode não a entender em muitos aspectos, e ela a ele, mas ainda assim, o sofrimento de ambos os lados podem e devem ser levados em conta.
A questão é que pouco se fala sobre a depressão pós-parto masculina,  e os homens que já apresentam muita dificuldade de pedir ajuda, acabam negligenciados. E onde há negligência dos cuidadores quem sai perdendo é o bebê. Disto vocês podem ter certeza.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mamães namorem!


Recebi este e-mail de uma amiga angustiada...Ela mãe de três filhos, ficou chocada com os conselhos acima tão lindamente narrados por Fernanda Montenegro...Logo que comecei a ver o vídeo entendi. São conselhos simplesmente impossíveis de serem cumpridos. Imagino que este vídeo deva incomodar à muitas outras mães, mulheres...porque de fato, não importa o que a cultura diga, mãe é mulher. Mãe é única, mas é mulher, é humana, sente tesão, namora, erra e erra muito. E de fato é muito rico e organizador para os filhos entenderem que não são a única fonte de interesse de suas mãe, que elas não sabem tudo, nem deles, nem do mundo. É  constituinte  para a criança, entender que além dela, existem outros e que a mamãe, pode namorar, sorrir, se atrapalhar, que ele, filho continua amado e que o mundo continua a girar...Girar para além da esfera de seu umbigo.
Não consigo pensar em uma lição mais rica para se passar aos filhos. Perde-se a mamãe "namoradinha" e se ganha-se o mundo! Por isso mamães namorem!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nutrição Infantil

Sabemos que os bons hábitos alimentares se formam na primeira infância. Nesta fase a criança deve estar rodeada de sabores e ingredientes diversos. Para os pais que querem investir em uma dieta balenceada e divertida, indico a consultoria acima. Especializada nos pequenos e no atendimento doméstico, o fazem com muito bom gosto, delicadeza e sofisticação. Recomendo!

domingo, 9 de outubro de 2011

Colher jabuticaba no pé...



Lembro de muito pequena gostar de pegar as frutas no pé. Morava em uma vila de bairro e na casa da minha vizinha havia uma amoreira.  Lembro de ficar muito feliz nesta época do ano porque ao voltar da escola ia com meu irmão mais velho "roubar" as frutinhas. Todas as crianças da vila faziam o mesmo, então formávamos quase uma "gangue" de crianças a infernizar a pobre vizinha e suas amoras. Tive esta sorte de ter uma vizinha com uma amoreira gigante e outra que trabalhava no CEAGESP. Esta eu infernizava gritando em sua porta: "Leonia, tem cascaxi"? "Tem banana nanica?" "Buticaba"? As buticabas, que mais tarde aprendi a chamar de jabuticabas, eram minhas preferidas. Podia passar horas sentada estourando as bolinhas doces em minha boca. Adorava todo o ritual de comer e brincar com as bolinhas.
Cresci e fui estagiar em um Hospital Dia.  Lá,  e não no meio acadêmico, aprendi a ser a psicóloga que sou hoje, digo isso porque aprendi a olhar as pessoas e escutá-las de fato com afeto. Neste hospital, em seu pátio central, há uma formosa jabuticabeira e é em torno dela que todo o dispositivo terapêutico acontece. Ah...quantas conversas, oficinas e sorrisos preencheram meus dias e dos pacientes ao redor daquela jabuticabeira. E nos momentos difíceis, era como se ela estivesse ali para nos consolar. 
Anos se passaram e escolhi para o berçário uma casa com árvores frutíferas, entre elas uma linda jabuticabeira. Todos esperam ansiosos pela primavera, época que poderemos colher do pé as frutinhas...
Nesta quinta-feira estava conversando com uma mãe da escola no portão quando Regina, nossa cozinheira, veio me comunicar...Vamos colher jabuticaba!
Tratei de interromper logo a conversa e correr para o jardim. Todas as crianças do G1 e G2 estavam lá, Regina tentava subir no pé...Mas cadê a escada?
A escada estava sendo usada pelos rapazes da manutenção das câmeras da escola. Pedi educadamente que nos emprestassem. Iríamos escalar a árvore. Aí que aventura! Eles se dispuseram, por alguma razão a ajudar na tarefa. Todos iriam participar. 
Quando vi toda a escola estava em volta da grande árvore, eu em cima da escada podia ver tudo...crianças, cozinheira, faxineira, rapazes das câmeras com uma bacia na mão. Todos recolhendo as bolas pretas que caiam do céu.
- Uma criança diz: "Tá chovendo!"
Estava chovendo jabuticaba na escola.
- Crianças começam gritar em coro: "Vai Kaká". Me estimulando a jogar mais "bitucabas" do céu.
Todos estavam felizes...um dia lindo pra pegar fruta no pé.

Descobri mais tarde que rapazes da manutenção nunca tinham colhido jabuticaba no pé, um deles me disse: "-Que legal. Não sabia que nascia assim no pau da árvore. Quando for escolher a escola na minha filha, vou escolher uma assim, com verde, agora acho importante."
Em meio a risos, um amigo, colega de trabalho daquele hospital que trabalhei, me liga. Pego o telefone e orgulhosa sinto a voz entusiasmada sair: "Você não sabe o que eu tavá fazendo? Colhendo jabuticaba no pé!!"

Disse isso como quem diz algo extraordinário. Da minha sala vejo o sorriso de todos que ainda estão no jardim, unidos em volta da árvore formosa...é tinha razão: Algumas coisas simples são mesmo extraordinárias.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Grupo para gestantes


Num grupo de gestantes a primeira coisa que sabemos é que sabemos e não sabemos! Temos um conhecimento próprio, que faz parte da nossa vida, das nossas vivências e ele nos é muito útil e singular nesse momento da maternidade. Isso quer dizer que nós carregamos um “saber instintivo”. Outro tipo de conhecimento é aquele que está sustentado na cultura e que é tão importante quanto porque nos ajuda a ter parâmetro e nos organiza mais, dentro do nosso ambiente. Não é suficiente o conhecimento teórico, ainda não há um “fora” e um “dentro”. Ter uma apropriação disso é fundamental para entender e acolher as demandas internas das futuras mamães. A relação mãe/filho é importante na constituição subjetiva do sujeito: a mãe vai se identificando com o bebê que cresce dentro dela, tecendo com ele uma relação de intimidade e confiança.
É muito importante que a gestante possa ter um espaço de reflexão e troca para poder lidar, da melhor maneira, possível, com as questões quem envolvem a maternidade, que são tantas!
Poder cuidar da gestação é também, investir, preventivamente, em um parto mais tranqüilo e um olhar, diferenciado sobre o bebê. É trabalhar essa relação desde os seus primórdios. Assim como, se sentir mais confiante para as demandas do futuro, que virão quando o bebê nascer. Tudo isso tem uma séria e determinante influência sobre o desenvolvimento do vínculo mãe/bebê.
Um pediatra e psicanalista de crianças, D. W. Winnicott ressalta a importância da confiança que as mães precisam ter nelas mesmas, quando diz:

“... Quero que vocês consigam se sentir confiantes em sua capacidade como mãe, e que não pensem que, por não terem um conhecimento profundo de vitaminas, não sabem, por exemplo, a melhor maneira de segurar seu bebê no colo”.
Esse olhar sobre a gestante, desde os primórdios da gravidez, contribui para uma melhoria psíquica e emocional da dupla mãe/bebê.
A dinâmica do grupo contempla também questões relativas ao período da gestação tais como:
. o desejo dos pais;
. os sonhos;
. os diversos tipos de sensações e inquietações que a gravidez provoca; as mudanças    físicas, próprias à gestação;
. o vínculo da mãe com seu bebê e o corpo da mãe enquanto um corpo para o bebê;
. atividades corporais;
. um olhar diferenciado para a amamentação;
. a dinâmica familiar;
. o lugar do pai nesta nova configuração;
. um olhar sobre a parentalidade;
. o que ocorrer.


PERIODO DO GRUPO

ENCONTROS QUINZENAIS (AOS SÁBADOS) das 09:00 às 11:00.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Um documentário que vale a pena assistir!

O lugar dos pais no ambiente escolar


Quem trabalha em escola, especialmente escola de pequenos, sabe...trabalhamos com os sonhos. Os pais buscam na escola de seus filhos um lugar ideal, perfeito para educá-los e que possam ser cuidados em sua ausência. O dinheiro gasto com educação é entendido como investimento, investem no seus filhos para que tenham um futuro melhor e para que se tornem, sobre tudo, pessoas melhores. Mas nem só de sonhos vive o imaginário do pais. O ambiente escolar também é permeado pelos medos e inseguranças familiares. Cada família irá entender o que se passa na escola a partir de suas vivências, fantasias e receios e é neste ponto que cabe a escola, muito cuidado.
Cada educador terá a difícil tarefa de ensinar e de sustentar não só o aluno, mas o vínculo com as famílias. Muitas vezes somos surpreendidos com o carinho dos pais, outras com relatos de medo e com sua violência. Como lidar com tudo isso? Como sustentar uma família como todos os seus medos e angústias,  de forma a garantir a tranquilidade do aluno?  Tarefa ao meu ver, difícil e quase impossível para o professor. Este sozinho não conseguirá lidar com os receios dos pais e ainda cuidar da aprendizagem do aluno. Será este seu papel? Cuidar dos pais? 
Entendo que nestes momentos o psicólogo escolar em parceria com a coordenação e direção fazem a diferença. Sua tarefa e a de dar espaço para que a fala familiar ocorra, lhe dar continência,  sem que esta contamine o ambiente de sala de aula e a relação professor/família/aluno. Sustentar este vínculo é trabalho primordial para direção e coordenação e quando isso não acontece o aluno acaba vítima deste desapego.
Escola boa é comunitária....Tem espaço para as famílias, mas sem deixar que se invada o lugar da aprendizagem...lugar do aluno e dos educadores. Esta é ao meu ver uma questão fundamental para que o ensino aconteça.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Chegou a hora de tirar as fraldas? E agora?


Tirar as fraldas não é algo fácil. Não gosto muito da expressão treinamento, prefiro dizer desfralde, porque neste processo estão sempre muitas questões envolvidas que vão além de técnicas de aprendizagem.
Em primeiro lugar a criança deve estar com seu aparelho neurológico apto ao controle dos esfíncters, que em crianças com desenvolvimento normal, acontece após os dois anos. Importante ressaltar que antes disso a criança pode ter ou não este controle e como só podemos saber se de fato há a maturação neuronal adequada por tentativa e erro, um desfralde precoce pode impor à criança um desafio impossível. A criança será assim demandada a algo que o corpo não pode responder. Isto pode gerar muita angústia e atrapalhar o processo futuro, quando de fato a criança poderá controlar seu corpo.   
Mas não basta apenas que a criança possa estar neurologicamente pronta para que o desfralde aconteça. Neste processo estão envolvidos as angústias familiares e da própria criança.
Para os pais o desfralde representa um rito de passagem, seu filho, deixa de ser um bebê e está crescendo, o que gera muita ambiguidade. Querer que o filho cresça em contra partida ao  desejo latente de que fique sempre pequenino. Os pais terão que lidar também com suas próprias questões referentes à sujeira que todo processo irá acarretar. Escapes vão acontecer e não há nada que se possa fazer com relação a isso. Pais muito angustiados com a limpeza e organização tendem a ser menos assertivos no desfralde, porque a criança precisa ter segurança que ao errar tudo ficará bem. Mesmo que um xixi ou cocô escape no sofá branco da sala.
Por outro lado a criança sente muita angústia ao sentir suas primeiras produções, xixi e cocô, sairem do corpo e literalmente descerem ralo a baixo. A criança demora a entender que, o cocô principalmente, não faz parte dela e que pode ir embora sem que isso acarrete em perdas mais significativas. Algumas crianças irão segurar o cocô até que lhes coloquem as fraldas. Isto é normal e é bom esperar o tempo da criança para que ela elabore a separação de suas queridas produções.
Caso a criança frequente a escola, esta deve e pode ajudar neste processo. Escola e pais devem trabalhar em conjunto para que tudo corra bem.
Uma boa dica é jogar as fezes no vaso, mesmo após serem feitas na fralda. Isto auxilia no processo de separação. A criança também se beneficia ao observar os pais irem ao banheiro, o que mais uma vez pode ser de grande constrangimento para famílias mais retraídas a estas questões. Outra boa dica é usar no início do desfralde fraldas de treinamento. Estas fraldas permitem que a criança as tirem quando necessário, mas seguram eventuais escapes.
A criança deve participar de todo o processo, por isso deve estar junto na escolha das calcinhas ou cuecas e do seu penico. Algumas crianças não gostam do penico e nestes casos vale a pena adaptar o vaso com um adaptador e um apoio simples de madeira para os pés.
Contudo o mais importante é que a criança possa ser respeitada em seu tempo e que possa assim se apropriar do processo de desfralde e com isso de seu próprio corpo. Passado os primeiros momentos mais difíceis, usar a privada, deve virar mais uma brincadeira, como tudo que é bom na vida dos pequenos! 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Vídeo "Parto no Brasil"

Segue link que contém cenas do documentário "Parto no Brasil".  Ótimo para refletirmos sobre algumas quetões da contemporanidade...

http://imaginingourselves.imow.org/pb/Story.aspx?id=1028&lang=1

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Parto ideal


Qual seria o parto ideal...Hoje existem muitos sites que protagonizam um parto perfeito, até orgasmico...mas será esse mesmo o parto ideal.  Claro que não deixo de questionar o número abusivo de cesárias no Brasil e a violência a que muitas mulheres são submetidas no momento do parto. Sou super a favor do parto normal e  do parto natural, mas fico um pouco incomodada quando percebo que muitas vezes o dia do parto em si, parece ser mais importante que o bebê. Cria-se toda uma expectativa com relação ao parto e a mãe se frustra quando não consegue atingir este ideal, quase que imaginário.
Toda está badalação em torno do parto, me lembra um pouco algumas festas de casamento, em que se dá muito mais importância para o evento, do que para o  ato de se casar em si. No dia seguinte os noivos devem se deparar com um imenso vazio, afinal além dá festa deve existir uma boa preparação para a vida de casado. Assim imagino também é com a chegada dos bebês. O parto é importante, mas não podemos esquecer que é, em toda a sua complexidade, apenas um meio e não o acontecimento em si. O que importa é que tudo termine com uma mãe e um bebê saudáveis.  Parto bom e parto seguro, parto bom é parto que faz sentido para a parturiente e que é humanizado. Seja ele qual for! 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Espaço Singular - Somos um berçário


 
É comum entre nossas educadoras a fala de que não somos uma escolinha. Somos um Berçário. Elas falam  com orgulho, orgulho construído em grupos de estudo, em supervisão, cursos e atividades dirigidas. Mas afinal o que realmente nos diferencia da escolinha e porque decidimos criar esta instituição que se vale a atender bebês de 0 a 4 anos.

Sentada no pátio do Berçário observo um grupo  brincar. A educadora oferece uma bola grande, bonecas e vários objetos de texturas e cores  diferentes. Um dos bebês corre aflito como que dizendo “Eu quero brincar com a bola”. A outra oferece uma boneca para a amiga: “Quer brincar comigo”. A educadora pontua: “Olha a amiga está te convidando pra brincar. Você quer?”. Um amigo vem engatinhando e pega a boneca. “ Ah, você quer brincar também? Mas tem que dividir…”

Quanta coisa estes pequenos tem a aprender. Aprender a sentar, conhecer o corpo, manejá-lo, aprender a engatinhar, andar, falar, sentir, brincar… infinitas possibilidades na riqueza de apenas três anos.

Um dia destes oferecemos uma piscina com água para nossos bebês. Começa a brincadeira:

- O que? Água pode?

-Pode. Olha lá a professora convidando todo mundo pra entrar.

-Eu vou primeiro.

- Olha se bate a mão espirra tudo.

- Espirra mais em mim…

-Não eu tenho medo.Buá.

-Eu também quero. Eba…vem ver, tem brinquedo aqui dentro. Que gostoso.

Supomos estes diálogos, diálogos imaginários de nossos bebês, mas que dão corpo e contextualizam o trabalho de quem trabalha com quem não fala ou fala pouco. Buscamos entender cada um através de seus movimentos, de suas expressões e interação com o grupo.

Imaginamos e tentamos propor a brincadeira.

Perguntamos: Está tudo bem com você? O que você quer brincar? Como você quer brincar? As respostas quase nunca são claras, mas se prestarmos atenção, os sinais estão em cada rosto, em cada gesto. No movimento da turma. Supor um sujeito, falas imaginárias, para assim auxiliar para que a brincadeira que se quer brincar aconteça. Nem sempre dá certo.

Trabalhamos no invisível. Tarefa difícil de quem trabalha com pequeninos que tem tanto a apreender e tanto a ensinar. Então porque não pensar em um lugar em que tudo isso aconteça como facilitador desta etapa essencial de aprendizagem e de vida?

Somos um berçário porque pensamos em um espaço assim.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dentinhos de leite - será que são os vilões?

Normalmente os dentes de leite começam a nascer mais ou menos aos quatro meses de vida de um bebê.  Não tem uma regra fixa de desenvolvimento, fatores genéticos normalmente influenciam sobre como e quando deverão nascer. Alguns bebês tem sua dentição mais tardia e isso é normal.  Mas a maioria dos  dentes de leite começam a nascer aos quatro meses. Momento muito delicado porque é exatamente quando as mães, devido à legislação atual, voltam a trabalhar, o que torna tudo, mais dolorido para mãe e seu bebê.
 A mãe se sente culpada ao deixar seu bebê e o infans terá que aprender a lidar com as ausências da mãe. Terá que se adaptar a mamadeira ou copinho.  O cuidador deverá aprender o ritmo da mãe e do bebê, afim de manter o “pé da história” de ambos...Um trabalho danado pra todo mundo,  e bem neste momento... os dentinhos resolvem nascer!!! Para que se tenha ideia do desconforto que eles causam,  podemos compará-los,  corpos estranhos que são  na boca do bebê, com espinhos no dedo. Incomodam e muito...
E tem mais, ao nascerem, os dentes causam inflamação, abaixam a imunidade do bebê e podem até causar uma febrinha. Digo febrinha, porque febre de 39°C por causa de dente não existe... e aí sim, aparecem as verdadeiras vilãs da história, viroses oportunistas que se aproveitam de todo este   contexto e atacam o bebezinho. Contudo os dentes são vistos como os grandes vilões: “Está irritado por causa dos dentes”...”É febre de dente”. O grande perigo disso tudo é acabar negligenciando  algo importante que o bebê está sentindo. A criança pode estar incomodada por outras razões, pode estar tentando comunicar outro desconforto, indicando que quer mudar de posição, que quer brincar, estar doente,  ou mesmo tentando pedir mais atenção de seus pais. Então atenção para isso.
 Uma dica para acalmar o desconforto causado pelo dentinho recente e que atrapalha principalmente a alimentação é esfregar a gengiva do bebê com uma “dedeira” antes de lhe oferecer o leite. Isto deve sanar o inchaço momentaneamente e o bebê deve mamar tranquilamente.
O incomodo causado pela primeira dentição não deve passar de algumas semanas e ao contrário do que muitos pensam, os dentes de leite devem ser muito bem escovados, principalmente antes do sono noturno, porque abaixo deles está a raiz dos dentes permanentes, que podem ser afetadas por “cáries de mamadeira”.   Karina Bonalume http://www.bercarioespacosingular.com.br/

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tabela de evolução motora

Segue abaixo uma tabela de evolução motora dos 0 aos 24 meses. Ela pode ser usada como um guia, mas, vale ressaltar que o desenvolvimento de casa bebê é único e devemos evitar comparações. Lembro que engatinhar não é etapa do desenvolvimento, isto é, o bebê pode engatinhar ou não. Contudo engatinhar é bom e ajuda o bebê na construção de sua propriocepção, que é a capacidade de reconhecer e localizar o próprio corpo no espaço.  Também estimula formas complexas de pensamento, uma vez que o bebê ao engatinhar entra em contato com a profundidade e lateralidade, que mais adiante lhe serão úteis na construção do pensamento lógico matemático.

EVOLUÇÃO MOTORA E FUNCIONAL PARA ALIMENTAÇÃO, DEGLUTIÇÃO, LINGUAGEM E MOTRICIDADE ENTRE 0 E 24 MESES
  

Meses
Motricidade
Linguagem
Preensão dos alimentos
Evolução Sucção-
Esquema deglutição
Texturas
0-4
Assim.+flexão de cabeça na linha média
Produção de vocalização, silábicas arcaicas
Sucção seio e mamadeira
Suckling Mamar *¹
Sucção-deglutição Reflexa
Líquido
4-6
Senta,controla a cabeça
Balbucio rudimentar
Chupeta; início do uso da colher; aprende beber no copo; Amassar
Suckling Mamar
↓reflexo sucção-deglutição
Líquido Semi-líquido/ liso
6-9
Rotação, Em pé
Balbucio mais elaborado
Chupeta; uso da colher; uso do copo; amassar; início mastigação
Suckling; Início sucking *²; movimentos linguais laterais
Inicio da dissociação entre sucção e deglutição
Semi- líquido peneira
9-12
Anda de lado
Balbucio misto
Colher; uso do copo; Amassamento; Mastigação
Suckling Maior sucking
Rotação mandíbula movimentos linguais no espaço
Peneira; Sólido mole

12-18
Anda
Prolongamento entre balbucio e palavras verdadeiras
Colher; uso do copo; Amassamento Mastigação
Suckling Maior sucking
dissociação língua- mandíbula
Sólido mole mais sólido duro
18-24
Anda
Primeiras frases
Colher. Uso do copo Mastigação mais sucção
Sucção-deglutição Independente
estabilidade mandíbula
Sólido duro

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O Berçário e suas funções

A escola é um importante lugar social da criança, todas deveriam passar por uma escola e, portanto por uma professora. Em nossa cultura não há dúvidas, uma criança deve ir à escola.  Podemos divergir quanto à data de entrada recomendada para a inserção de cada individuo neste lugar social, e suas conseqüências. Podemos divergir quanto à linha pedagógica que cada escola deve seguir, mas é fato que a criança está inserida no lugar social de aluno pelo discurso contemporâneo.  Ser aluno, ocupar o lugar de aprendiz dá borda e sustenta um lugar social importante, lugar de infância e suas particularidades. Lugar de apreender o mundo.
No Berçário Espaço Singular aceitamos crianças a partir de 3 meses de idade.  Muito freqüentemente recebemos pequeninos que até então apenas tiveram contato com seus familiares e pediatra de referência. Bebês que já ocupam lugar de alunos de uma professora que os olha. Educadora auxiliar do lugar materno que deve dar continuidade a cadeia de significante já iniciada pela função materna. A mãe deixa a criança aos cuidados da instituição confiando que todo ritmo diário de cuidados para com seu filho tenha continuidade. Demanda que este ritmo seja mantido para que ao final do período de sua ausência possa continuar a fazer marca em seu bebê, sujeito em constituição.
Cabe a educadora a sensibilidade e comprometimento para sustentar este lugar. Responsabilidade de quem cuida e que faz marca na ausência materna. Cuidar de um bebê é antes de tudo cuidar de uma mãe. Mãe aflita que ao delegar os cuidados de seu bebê pede a toda a equipe que seu esforço de sustentação de uma unidade psíquica e orgânica frágil se concretize a partir do suporte de traços e ritmos do infans, traços estes em que presença e ausência na dupla mãe-bebê estão inseridos.
Neste contexto a instituição deve dar suporte à função materna. Contudo, ao estar inserida no discurso da cultura como um outro a delimitar ao bebê uma outra posição psíquica e social, a instituição de ensino da primeira infância faz marca a partir de sua posição discursiva. Delimita o lugar do bebê como aluno de uma escola, pertencente a um social além do lugar de filho de uma mãe. Não que esta seja a real intenção da instituição, mas por estar inserida na cultura, a escola faz função. Função de um terceiro a romper com a onipotência da dupla e semear falta onde poderia não haver.
             Pensando neste lugar em que a escola para bebês ocupa e na problemática do diagnóstico precoce dos Distúrbios Globais do Desenvolvimento, poderíamos pensar em uma maior formação sobre a constituição do sujeito das profissionais de primeira infância e porque não pensar em um maior suporte clínico que as habilitassem a olhar de forma mais ampla para seus bebês-alunos. Formação e suporte que tornariam mais viáveis possíveis encaminhamentos anteriores a etapa da alfabetização, quando há na criança uma maior plasticidade psíquica e, portanto um melhor prognóstico de tratamento.   

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Bons sonhos bebezinhos!

O bebê não dorme! Escuto esta queixa muito frequentemente.  É muito comum observar pais cansados, esgotados após noites sem dormir... Mas o que será que acontece? Os bebes não sabem dormir? Uma das primeiras coisas que notei em um curso recente de formação em primeira infância que fiz na França, foi a maneira como as francesas encaravam esta questão e visto isso, passei a pensar no nosso modo de lidar com as frustrações do bebê. Não notava no discurso das mães questões referentes ao sono. Será que não se importavam de passar noites e noites em claro? Ou será que de fato os bebes franceses milagrosamente dormiam bem. Foi então que uma expressão começou a clarificar este mistério. "Fazer a noite". As mães francesas esperam que muito cedo, com mais ou menos 2 meses, seus bebes possam fazer a noite, isto é, se fazer dormir a noite inteira. Existe uma grande expectativa em relação à isso. "Seu bebê já faz a noite?" Umas perguntam às outras. Ao invés das famosas queixas ouvia esta pergunta...Bom, notei que de fato lá no outro hemisfério as mães conseguem lidar melhor com as frustrações dos seus bebes, mas mais que isso, partem do princípio que um bebê muito pequeno pode se acalmar sozinho. Ele deve fazer a noite, e não um adulto fazê-la por ele. Fato é que elas deixam os bebes nas primeiras noites chorarem um pouquinho e entendem que isso faz parte do aprendizado do bebê; A noite é pra se dormir.
Acontece que nossa cultura tende a entender qualquer frustração do bebê como sofrimento: " Ele está com fome". "Ele está com dor, com cólica"..."Tadinho não vou deixá-lo aí sozinho"...Assim os pais ensinam ao bebê a acordá-los e o problema deve vir a se agravar com os meses. A disposição dos pais para acordar diminui na mesma proporção que a do bebê aumenta.
Não estou com isso dizendo que as mães devem deixar os bebes novinhos ao berros em seu berços, mas podem tentar acalmá-los primeiro antes de supor razões para retirá-los de lá e se o fizerem que o façam no ritmo de quem estava dormindo e não de quem está indo à uma festa. Pode amamentar, em silêncio, no escurinho...sem falar muito, afinal estamos no meio da noite, bebezinho...
Esta semana tive uma longa conversa com uma mãe Espaço Singular. Sua bebê de 8 meses não quer mais dormir a noite. Lhe expliquei que não deve tirar a bebê do berço, nunca deve levá-la a sua cama, que devia tentar acalmá-la ali, no seu quarto. Falei sobre a rotina da noite, que devia estipular uma rotina prévia muito calma antes do horário de ir para o berço....etc. No dia seguinte a novidade: "Tudo certo Karina, não a tirei do berço, deitei lá junto com ela, mas fique tranquila, me certifiquei que o berço aguenta 68 quilos". Morremos de rir as duas! Bons sonhos bebezinhos...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Texto de Vera Meirelles, psicanalista do "plantão" no Espaço Singular, sobre o brincar.

O “Plantão Psicológico” é uma iniciativa do “Berçário Espaço Singular” que tem, dentre outros objetivos, a produção e criação de textos, com temas que possam fazer despertar, sensibilizar e levar os pais a uma maior reflexão e apropriação do desenvolvimento do seu filho, povoado de coisas que precisam ser contempladas nas suas diversas formas de expressão, dentre elas, o brincar.
Existe uma tradição do brincar e das brincadeiras que perduram, mas a relação da criança com os jogos e as brincadeiras tem mudado, bastante, ao longo dos anos. Antigamente, a própria forma de viver contemplava um “tempo” para jogos e brincadeiras, e os brinquedos estavam fundamentalmente ligados à cultura do ambiente. As histórias e brincadeiras que passavam de geração para geração – e ainda passam - eram contadas para nossos filhos, por nós, mães e avós, mas acabaram perdendo espaço, não fazendo, praticamente, mais parte do cotidiano, enquanto uma prioridade. Com o passar do tempo, acompanhando as mudanças dos referenciais sociais, não podemos deixar de perceber como somos atravessados no nosso cotidiano e o visível distanciamento físico e emocional entre sua mãe e seu bebê. A comunicação entre os membros familiares precisa ser preservada, priorizada e a atenção dos pais, para se fazerem presentes, são importantes na constituição do bebê.
O lugar paterno é fundamental no desenvolvimento emocional da criança e o apoio dispensado à mãe, por este pai, contribui para um bom ambiente. Se o bebê é dependente dos cuidados maternos cabe a mãe proteger o bebê “de invasões ambientais”, a mãe é quem apresenta o mundo para o seu bebê, é ela a “representante” do dentro e do fora, quem permite e facilita a comunicação entre o bebê e o mundo; assim um cuidado adequado conduz a uma melhor integração. Se a cada dia esta mãe está sendo inserida em novos ritmos de vida – ritmos muitas vezes frenéticos -, como responderá este bebê às solicitações do mundo interno e externo? E de que forma o brincar pode ser um fomentador de compreensão e apropriação deste mundo, ou partes deste mundo que vão ficando cada vez mais distantes e esquecidas?
Segundo alguns autores, além da função, da natureza e de sua importância, brincar é fundamental, porque:
  • é uma atividade espontânea e prazerosa;
  •  é uma forma de expressão e comunicação;
  • serve para falar de coisas que não são “faláveis”;
  • ao brincar, as crianças revelam características próprias;
  • uma criança que brinca é uma criança que sonha, fantasia e tem projeto;
  • o jogo é uma forma de comunicação, a criança comunica coisas quando ela joga ou brinca e aceita a possibilidade de ganhar ou perder;
  • o jogo tem uma função na constituição da subjetividade da criança;
  • é também uma experiência de autonomia;
  • pode-se ver os jogos e brincadeiras como uma representação e reconhecer elementos que se referem ao mundo interno da criança;
  • amplia a capacidade do bebê de criar, imaginar, inventar e produzir um novo objeto, um novo mundo.

Refletir sobre tudo isso pode contribuir para tornar o dia a dia da criança mais harmonioso, ampliando a comunicação entre os pais e a criança, a criança e seu mundo. “O êxito no cuidado infantil depende fundamentalmente da devoção de quem cuida”, portanto o “olhar” de uma mãe faz toda a diferença!
Citando José Saramago: “Se puderem ver, olhem e se olham, observem!”



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

livros de imagens

Bom lá vou eu falar da minha paixão, os livros, mas não são qualquer livros que me encantam. Amo os livros de imagens e vou lhes dizer porque. Porque eles são acessíveis a quem nos importa. Os bebes. Tornam possível que os pequenos, quase sempre coadjuvantes nas leituras de histórias, possam "ler" as imagens e se encantar por elas. Experimentem dar um livro só de imagens na mão de uma criança muito pequena ou mostrar as imagens a um bebê muito pequeno. Eles irão observar, sorrir se surpreender ao lerem a história. O bebê rapidamente entende que há algo mais interessante nos livros do que morder suas capas. Ao serem exposto aos livros, entende que a linguagem é um código e que para que se fale e para que se leia, deve se aprender este código.
Escolha livros coloridos, com uma boa estética e com imagens que surpreendam.  Veja se o conteúdo da história é interessante.

Contudo vale ressaltar que a leitura para bebes não deve visar aquisições sistemáticas da língua escrita. Todo o contato com o mundo da narração deve ser feito de forma lúdica e despretensiosa. E que esta deve estar inserida no cotidiano familiar e escolar e não ser feita como uma tarefa a ser cumprida em busca de aquisições.
Boa leitura à todos...